quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

MON PLAISIRS DÉMODÉS


Charles Aznavour, pode-se dizer, foi o turning point para a música popular francesa, em termos de divulgação internacional, dando-lhe um toque de melancolia, talvez. De origem armênia, chama-se na verdade Shahnour Vaghinagh Aznavourian. Esse velho ator, compositor e cantor de melodias sentimentais, embalou com sua música, muitos sonhos românticos por todo o mundo.

Não foi fácil a sua caminhada, pois sendo baixinho, feio e com uma voz diferente, originalíssima até, era considerado sem a aparência e o carisma necessários para uma carreira de sucesso, especialmente cantando musicas amorosas.

O ano de 1955 foi-lhe terrível. Após sua primeira apresentação no teatro Olympia, em Paris, a crítica o rejeitou com gozação. Escreveu, naquele momento, um comentarista:

“Foi um prazer estar entre os primeiros que empreenderam uma viagem através dos séculos, ao tempo de Quasímodo e dos Mistérios de Paris. Vendo e ouvindo Mr. Aznavour podemos apenas perguntar: porque não cantar com uma perna-de-pau?”

Quasímodo, como se sabe, é personagem criado pelo escritor francês Victor Hugo, na sua obra Notre-Dame de Paris, também conhecida como O Corcunda de Notre-Dame. Tornou-se o protótipo da feiúra. “Os Mistérios de Paris” (Les Mystères de Paris) foi um folhetim barato publicado pela imprensa parisiense, na primeira metade do Século XIX, de autoria de Eugène Sue. As histórias se passavam no bas fonds parisiense.Na ralé. Dizem que Karl Marx, quem diria, foi fã ardoroso da série.

O cantor poderia ter utilizado o mesmo Victor Hugo para responder a critica, mas não o fez. Este, maldosamente atacado por Gustavo Planche, escreveu:

“... um cão forte se atirou bruscamente contra mim. A iminência de um pontapé o fez recuar.Por que essa fera me odeia? Há de ter sido homem, e invejoso. Talvez seja Gustavo Planche, promovido a cachorro.

Quando em 1972 Aznavour retornou vitorioso ao mesmo palco, já ninguém lembrava o nome daquele crítico. Desde então, não há quem desconheça o compositor e interprete de La Boheme, She (Tous le visages de l’amour) , The Old Fasioned Way (Les plaisirs démodés) e Au creux de mon epaule dentre outras. Moral da história: descubra o que você deseja, lute por esse sonho, esqueça a critica. Clique aqui e vejam-no, com a voz trêmula nos seus mais de 80 anos, cantando esta última canção, com a lindíssima Carla Bruni, primeira dama francesa, para nossa dupla satisfação.

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Oh! Mon amour,
Ne m'enlève pas le souffle de ma vie,
Ni mes joies,
Pour ce qui ne fut, qu'un instant de folie,

Oh meu amor,
Não me tire o hálito da vida,
Nem minhas alegrias,
Pelo que não foi senão um instante de loucura,
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