quinta-feira, 25 de novembro de 2010

AVATAR E A SENSAÇÃO DE DEJÀ VU


Assistindo ao filme AVATAR, tive a nítida sensação de Dejà vu. Não por ter conhecido antes os Timespirits da Marvel Comics, que as más línguas acusam de terem sido plagiados por Cameron, na caracterização dos humanóides Na’vi. É que a temática utilizada é de caráter universal: nativos vivem onde existe importante fonte de recursos que interessa a um povo estrangeiro, colonizador e agressivo. O Diretor canadense tinha a seu dispor um vasto leque de exemplos históricos para o seu roteiro.
De minha parte, a sensação veio por já ter lido a respeito da famigerada Guerra dos Bárbaros, que se desenvolveu no Nordeste entre 1683 e 1713, dando continuidade ao extermínio dos nossos índios, iniciado por Duarte Coelho em Pernambuco. Câmara Cascudo negou-se a historiar essa guerra covarde e sanguinária. Li sobre ela em alguns dos Documentos Históricos, publicados por Rodolfo Garcia, e em Affonso E. Taunay no seu livro A GUERRA DOS BÁRBAROS, em edição publicada pela nossa Fundação Vingt-un Rosado.
No filme a corporativa humana RDA e seus objetivos, assemelham-se a iniciativa portuguesa de colonizar o Nordeste. O Rei português ordena que fizesse a maior guerra possível ao gentio bárbaro (...)ou para afastar das nossas terras ou para os extinguir...Essa luta desigual pelo domínio da terra, se deu em todo o pais, mas em nenhuma parte foi tão cruel como na nossa região. Não admira que tivesse resposta da parte dos Cariris - os nossos Na’vi (também de arco e flecha). Ousaria dizer que o famoso massacre de Cunhaú, visto assim à distância das conseqüências religiosas, foi bem uma dessas reações, mas não iria a ponto de ver no holandês  Jaco Rabi, o Jake Sully,colonizador que no final do filme fica do lado dos Na’vi, embora os batavos fossem considerados libertadores pelos índios.Tal como no filme, as tribos todas se reuniram em defesa de sua terra, no que se chamou de Confederação dos Carirís.
Escolho Antonio de Oliveira Ledo como o maior dos sertanistas do Nordeste e assim, equivale, na nossa comparação, ao Coronel Miles Quaritch, o vilão de Avatar. Poderia ser outro, entre vários dos nossos ancestrais, que ao longo de séculos dizimaram os nossos indígenas. Mas a comparação termina aqui, pois no cinema o Diretor pode fantasiar atribuindo a vitória à parte mais fraca - os Na’vi, enquanto que no mundo real dos séculos XVII e XVIII, com a ajuda dos bandeirantes paulistas, ganhou a RDA, ganharam os colonizadores.

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