A história da publicação da obra de Borges da Fonseca, pela prestimosa Coleção Mossoroense, começa com a minha paixão por genealogia e se concretiza no amor de Vingt-un Rosado pelas coisas da cultura e também pelo mesmo assunto.
Dentre as grandes obras genealógicas publicadas no nosso país, três são clássicas: a Nobiliarquia Paulistana, História e Genealógica, escrita por Pedro Taques de Almeida Paes Leme; Catálogo Genealógico das Principais Famílias, da autoria de frei Antonio de Santa Maria Jaboatão e a notável Nobiliarquia Pernambucana, de Antonio José Vitoriano Borges da Fonseca.
A obra de Pedro Taques teve reedição por iniciativa da Editora Itatiaia Ltda, em colaboração com a Editora da Universidade de São Paulo,em 1980, e o governo da Bahia, na gestão de João Durval Carneiro, republicou o trabalho de frei Jaboatão, com introdução e notas de Pedro Calmon, em 1985. Bem antes,em 1946, Afonso Costa já tratara da obra de Jaboatão, adaptando-a e desenvolvendo alguns tópicos. Faltava a Nobiliarquia Pernambucana, talvez a mais importante para os estudiosos da genealogia do Nordeste.
Na busca por minhas raízes genealógicas, primeiro pesquisei na literatura local e regional, principalmente na Coleção Mossoroense, na obra de Francisco Fausto, que depois foi desenvolvida por Lauro da Escossia no livro As Dez Gerações da Família Camboa, nas publicações de Olavo de Medeiros Filho, e por fim, na importante, porém confusa obra do tabelião paraibano Sebastião de Azevedo Bastos, intitulada No Roteiro dos Azevedos e Outras Famílias do Nordeste, publicação de 1954.
Embora o prof. Vingt-un Rosado possuísse uma rica bibliografia genealógica, na qual se incluíam todos os exemplares do Anuário Genealógico Latino e do Anuário Genealógico Brasileiro, obras de Salvador de Moya, faltava a fonte principal para a minha pesquisa – a Nobiliarquia Pernambucana de Borges da Fonseca, a fim de tentar fazer a ligação dos meus ancestrais com os primeiros troncos baianos e pernambucanos.
Diante da minha insistente procura por essa obra grandiosa, Vingt-un sugeriu-me que consultasse, dentre os genealogistas meus conhecidos, se algum a possuía, para que, a partir desses exemplares fizéssemos uma nova edição facsimilar pela Coleção Mossoroense. Barros Leal, insigne médico e genealogista cearense possuía apenas um volume que disponibilizava, O Instituto Histórico, Arqueológico e Geográfico Pernambucano apenas facultava para consulta, e nada mais encontrei. Produzida em 1748 em quatro volumes manuscritos, a obra de Borges da Fonseca teve publicação parcial pela Revista deste citado Instituto Pernambucano, e integral, em 1935, pelos Anais da Biblioteca Nacional, em dois volumes, com prefácio de Rodolfo Garcia.
Estávamos nesse pé quando, ao retornar de uma de suas viagens, Vingt-un me fez a grande surpresa de me apresentar àquela tão sonhada publicação de 1935. Comprara por R$ 400,00, os dois volumes publicados por Garcia. Emprestou-me de imediato e logo em seguida deu início a sua reprodução facsimilar. Procurou-se, a partir dos dois volumes daquela edição, recuperar a divisão inicial dos manuscritos em quatro volumes. Sem dúvida, pelo valor e raridade da obra, ficou a Coleção Mossoroense mais enriquecida, ao contar com a Nobiliarquia Pernambucana entre seus títulos publicados, e os genealogistas e historiadores, agradecidos por essa iniciativa.
Por solicitação de Vingt-un, Affonso Romano de Sant’Anna, então presidente da Fundação Biblioteca Nacional, enviou uma relação de Bibliotecas e outras entidades que deveriam receber exemplares da nova edição. E assim, a história das publicações da Nobiliarquia Pernambucana passou a ter, também, um capítulo mossoroense, sob a chancela da Escola Superior de Agricultura de Mossoró.
Atualmente, a publicação pode ser acessada em vários sites e a Fundação Vingt-un Rosado ultima também uma edição nesse formato, a ser disponibilizado para download gratuito, no Acervo Virtual Osvaldo Lamartine de Faria. É a democratização do conhecimento.