terça-feira, 6 de dezembro de 2011

SOBRE O PECADO


Por mais afastados que estejamos dos assuntos religiosos, não nos podemos furtar da reflexão sobre esse tema, e quer nos orientemos ou não, nos variados atos do drama humano, pela vertente religiosa, no fundo, será sempre pelo norte ético que nos guiaremos. Se assim não procedermos, se ferirmos mores e costumes, pagaremos com o julgamento da consciência, porque dentro de cada um de nós existe o conhecimento do bem e do mal. A sanção, o castigo, vem, pois, primeiramente de nós mesmos.
 
Na minha teoria pessoal do pecado, vejo-o caracterizado de duas maneiras: primeiro como algo que direta ou indiretamente prejudica alguém; e em segundo lugar, ligado ao velho conceito hebreu de idolatria, no sentido de escravidão a algo que nos afasta da nossa missão mais essencial, nos prejudicando. Aliás, não é outra coisa que se acha expressa nos ensinamentos religiosos.

Expliquemos nosso raciocínio com a importantíssima questão do sexo. De duas formas será pecaminoso: se praticado sem o desejo e o consentimento dos envolvidos na relação, ou quando se transforma em atividade reificada, principal dos indivíduos. Fora disso não há pecado.

No primeiro caso, faltando o desejo e o consentimento, estará caracterizado o estupro, a prostituição ou a traição. Na segunda forma é caso típico de idolatria, como também o é o exagerado apego ao dinheiro, ao poder, à alimentação e a tudo que impeça ou perturbe a realização da nossa essência, que para o religioso significaria amar a Deus sobre todas as coisas. Em ambos os casos fere-se alguém.

A literatura bíblica afirma que todos os pecados serão perdoados, menos aqueles cometidos contra o espírito. E também que somos templos desse espírito, que entendo como dignidade humana, o que há de mais profundo e significativo dentro de cada um de nós.

O castigo da idolatria não será a descida de fogo do céu para matar o pecador, mas a sensação de enfraquecimento espiritual, o sentimento de que nos afastamento do nosso centro, de que desperdiçamos a existência em desvios malsãos. O castigo por ferir o semelhante deverá ser de âmbito da moral, do sentimento de culpa e da justiça, e que no final também ocasionará prejuízos ao espírito. Assim, acredito que o pecado seja de natureza relacional (eu, comigo mesmo, ou com você). 

Embora não seja necessária a admoestação religiosa para evitá-lo, ouçamos as lições dos sábios sobre isso. Conta-se que alguém que desejava converter-se ao judaísmo pediu que o muito célebre Rabi Akiva recitasse toda a Lei, enquanto permanecesse sobre um dos pés. Não faças aos outros o que não queres que te façam, essa é a Lei, e tudo mais é comentário, teria sido a resposta do sábio.

Na mesma linha de pensamento, da qual, aliás, não poderia fugir, pois também era judeu, o Rabi Jesus recomendou que amássemos o próximo como a nós mesmos e a Deus acima de tudo. Em ambos os casos o que se pede é em primeiro lugar o respeito à própria dignidade pessoal, e em segundo, que se respeite a alheia: ame-se para amar o próximo. Observando ambas as recomendações estaremos, sobretudo respeitando o divino que há em nós e que no pecado é maculado. Nada mais se pode acrescentar sobre o assunto.

3 comentários:

  1. Tudo certo Marcos? espero em DEUS que sim.

    Encontrei teu site procurando livros digitalizados não mais editados da Editora MIR.

    Possuo boa quantidade destes livros digitalizados e não mais editados.

    Aquele post sobre a editora MIR nos enriqueceu muito!!

    Postei um pedido a você nos comentários daquele post.

    Você nos informa que possue alguns livros da MIR, gostaria de saber se seria muito incômodo, sem querer abusar, o senhor digitalizar e enviar os seguintes livros:

    -Antenas – G. T. Markov, D. M. Sazonov, 1978
    -Principles of Radio Eletronics - A. M. Kugushev e N. S. Golubeva, 1979.

    Desde já agradeço pela paciência e gentileza.


    Atenciosamente,


    André

    Obs: perdoe-me pelo português

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  2. Caro André,

    Agradeço a visita ao blog.Como falei no post, os livros da MIR foram muito importantes para mim. Quanto a digitalizar, para mim seria de fato trabalhoso e de resultado duvidoso. Disponibilizei alguns dos meus livros na net, mas foi muito difícil o trabalho.Afinal, neste caso, seriam mais de 700 páginas.Conto com sua compreensão.

    Abraços

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  3. Muito legal!

    Gostei.

    Jairo

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